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24.2.06

Porque é carnaval, Antônio Maria:


Frevo nº 1 do Recife


Ô ô ô ô saudade
Saudade tão grande
Saudade que eu sinto
Do Clube das Pás, do Vassouras
Passistas traçando tesouras
Nas ruas repletas de lá
Batidas de bumbos
São maracatus retardados
Chegando à cidade, cansados,
Com seus estandartes no ar.

Não adianta se o Recife está longe
E a saudade é tão grande
Que eu até me embaraço
Parece que eu vejo
Valfrido Cebola no passo
Haroldo Matias, Colaço
Recife está perto de mim.


Frevo nº 2 do Recife


Ai que saudade tenho do meu Recife
Da minha gente que ficou por lá
Quando eu pensava, chorava, falava
Contava vantagem, marcava viagem
Mas não resolvia se ia
Vou-me embora
Vou-me embora
Vou-me embora pra lá

Mas tem que ser depressa
Tem que ser pra já
Eu quero sem demora
O que ficou por lá
Vou ver a Rua Nova,Imperatriz, Imperador
Vou ver, se possível
Meu amor.


Frevo nº 3 do Recife


Sou do Recife com orgulho e com saudade
Sou do Recife com vontade de chorar
O rio passa levando barcaça pro alto mar
E em mim não passa essa vontade de voltar

Recife mandou me chamar

Capiba e Zumba a essa hora onde é que estão
Inês e Rosa em que reinado reinarão
Ascenso me mande um cartão
Rua antiga da Harmonia

Da Amizade, da Saudade, da União
São lembranças noite e dia
Nelson Ferreira toque aquela introdução.


Para Manoel Carlos, com beijo, frevo e carinho.


13.2.06

Um breve retorno à letra D


Reflexo

Debaixo deste sol silente
ficas deitada com teu ventre
pro céu, e dado a dado pele
e luz o leve do ar reflete
o beijo doce
à doçura que o conduz.


Daniel Sampaio de Azevedo


leia mais Daniel aqui.

7.2.06

Iracema Macedo


Zila


Bene navigani cum
naufragium feci*

Nessas águas que entrei a vida inteira
Não busquei nem arcas, nem peixes, nem tesouros
Só quis a branda viração das ondas
E a branca luz dispersa sobre o mar

Tentei achar um abrigo
Me queimei em caravelas
Senti dor, medo, frio
Esqueci todo perigo

Nessas águas que entrei
Aprendi a ser espuma
Aprendi com as ondas a perder e a pedoar

E quem aprendeu assim a navegar
Quem se apartou da terra desse jeito
Não sabe mais como voltar


* Bem navega quem naufraga

Ivo


Via a ave, via a uva, às vezes, via também o vovô. Não brincava, não ria. Escrever, não escrevia: só via. Coitado de Ivo! Devia ser um menino bem triste...